quarta-feira, 2 de agosto de 2017

Migado ou de barrufo?
 


No primeiro quartel do séc. XX era frequente os médicos do concelho de Mortágua deslocarem-se muitos quilómetros, por maus caminhos, a pé ou a cavalo, para observarem os seus pacientes. Essas deslocações eram demoradas e sem duração prevista. Numa dessas ocasiões, o Dr. Joaquim Tavares Festas aceitou o almoço que os familiares do doente lhe ofereceram, dado que estava com fome, e tinha pela frente algumas horas de caminho até chegar a sua casa.

Foi-lhe servido um prato de batatas com sardinha salgada, que era um pitéu para quem vivia no isolamento da serra . A dona da casa indagou se o sr. doutor queria azeite e alho para temperar a comida. O doutor respondeu afirmativamente e a senhora, muito solícita, logo perguntou: “Quer o alho migado, ou  de barrufo?”.

O convidado não imaginava o que fosse o “barrufo”, mas curioso e decidido a  experimentar, respondeu: “De barrufo, se faz favor.”

De imediato, a anfitriã meteu vários dentes de alho na boca, mastigou-os e borrifou o prato das batatas e sardinha, deixando o ilustre clínico boquiaberto.

Se é fácil imaginar o espanto causado ao doutor, já não conseguimos adivinhar os argumentos que terá usado para escapar à “sardinha barrufada”, sem ofender a senhora.
 
 
 
 
 

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